Agressão: Sport x Vasco
Na última segunda-feira (25/7), a agressão do goleiro do Sport Recife, Gustavo Lima, ao meia do Vasco, Elivélton, ficou conhecida em todo o país. A “voadora” aplicada durante um jogo da Taça BH de Futebol Júnior resultou em demissão de Gustavo, além da abertura de inquérito para que o goleiro responda por tentativa de homicídio.
A coluna de Futebol é semanal, mas exige, neste momento, um novo texto. O caso é muito mais complicado do que se imagina e não é fácil entendê-lo em um piscar de olhos. A agressão foi grave, sim, poderia render uma punição como Gustavo ser banido do esporte, mas vamos com calma. No Brasil, infelizmente, muitos atletas ainda não têm instrução escolar, são de origem pobre e não têm acompanhamento psicológico.
Chegou a ser publicado na nossa coluna que uma pena exemplar seria Gustavo ser expulso do esporte. Sem dúvida, tal medida faria com que atletas pensassem melhor antes de agir de forma agressiva. No entanto, fazer o garoto responder na Justiça por tentativa de homicídio parece exagero.
No Jornalismo, há atitudes que diferenciam os maus, dos bons e dos melhores profissionais, como em qualquer outra área. A linha para que o texto passe de competente para manipulador pode ser passada a qualquer momento, sem percepção de quem escreve. Entre os pilares do jornalismo ético, está o de sempre apresentar para o leitor as várias partes de um mesmo assunto. Não há matéria em que basta uma fonte para tudo ser esclarecido.
Na última terça-feira (26/7), publicamos um texto sobre o caso da agressão, mas, até então, o goleiro do Sport ainda não havia se pronunciado. No Jornal Nacional (TV Globo) exibido ontem, foi apresentada uma entrevista do atleta, que vale comentarmos.
Gustavo Lima afirmou que desejava ir à casa de Elivélton e pedir desculpas para o meia do Vasco. A atitude é válida, madura e devemos saber reconhecê-la, pois poucas pessoas têm humildade para agir assim. O fato de Gustavo perceber o que fez não diminui a agressão, mas certamente nos faz pensar se vale julgá-lo como havia sido feito anteriormente por todas as pessoas que assistiram ao vídeo.
Não é certo colocar em questão o caráter do atleta, pois não é um fato isolado que irá defini-lo. A coluna não irá questionar a integridade moral do jogador, pois essa é uma atitude imatura. Houve quem publicasse matéria sob o título: “Tarde para sentir remorso”. O título é subjetivo, tem a opinião do repórter e induz o pensamento do leitor.
Para não prolongar, o jogador deve ser punido de forma exemplar, sim, para inibir outros agressores. Entretanto, o fato de Gustavo reconhecer o que fez mostra que ele pode não ser a pessoa que muitos imaginam. Espera-se que os seis meses afastado dos gramados sirvam para o goleiro colocar a cabeça no lugar. Quanto à polícia, é exagero indiciar o jogador por tentativa de homicídio.
Sobre a Justiça e as falhas nas regras, o assunto pode se estender além do que deve e pode ser discutido em um outro texto.
Até a próxima semana!


