João Queyroz

Faz três anos que a moda brasileira ficou sem um de seus grandes talentos, grandes sujeitos. De repente a gente teve que lidar com a falta, com uma lacuna, uma saudade que não estava (e nem caberia) nos moldes, ou nos croquis.

João Queyroz foi pioneiro. Pioneiro nas assinaturas inconfundíveis, na criatividade solta, no talento imensurável. Foi contemporâneo do movimento que agora a gente vê começar a dar os primeiros passos, a moda destas bandas, nascendo aqui e ali do imenso esforço de quem ama linhas e agulhas, papel e texto, fotografia e roupas. Foi um soldado incansável na construção da história da moda de Brasília e de Goiânia, uma inspiração constante na ponte que fazia entre as duas cidades. Sempre gentil, sempre concentrado, sempre empenhado, sempre leve, sempre. João se foi… Mas o caminho permanece, seu espírito permanece, suas assinaturas estão vivas, aqui, com a gente. Com Marcos Queyroz, seu irmão igualmente talentoso e guardião do ouro de João, do talento da família.

Em 2007, o jornalista e editor de moda Ricardo Gomes, um apaixonado como eu pelo olhar e trajetória do estilista, realizou com ele essa entrevista que ficou guardada em uma preciosa gaveta. Hoje, no dia em que a falta faz aniversário, divido com vocês a história desse menino e um editorial maravilhoso, em homenagem a saudade e a continuação de sua história. João, você faz MUITA falta…

*Por Ricardo Gomes

O Rio Grande do Norte foi sua primeira morada, mas foi na cidade de Porangatu, em Goiás, que o menino de quatro anos fixou residência com a família. Desde cedo acompanhava o ofício da mãe com certa curiosidade. Seus sonhos e devaneios o levavam a imaginar as clientes de costura da sua progenitora sendo suas e vestindo roupas que tivessem um pouco mais de personalidade do que os modelos que elas copiavam da Revista Manequim.

O tempo passou, o menino cresceu e sua vida não o levou para a moda. Primeiro o rapaz trabalhou no ofício de administrador hospitalar, depois seguiu para a função de bancário e na seqüência assumiu funções na área da contabilidade. Em 99 muda para Goiânia e só na capital é que começa sua escalada ao cobiçado posto de melhor criador goiano.

O estilista começou desenhando modelos e tentando vendê-los para as confecções do estado, o que não deu muito certo. Suas criações eram ousadas demais para os empresários da época, e talvez até para os de hoje. Logo sua empreitada não teve sucesso.  Frustrado ele resolve então produzir suas criações e vendê-las para os amigos e vizinhos.

Assim que encontrou seu público alvo, seu novo negócio ainda informal, seguiu de vento em popa. “No início eu fazia umas cinco peças por dia e entrega em consignação a algumas lojas. Como as peças eram vendidas logo, comecei receber mais encomendas das lojas e até dos amigos que compravam minhas roupas”. Relembra o estilista.

O negócio cresceu e em 2001 abriu sua loja em Goiânia. Suas criações cheias de personalidade garantiram fidelidade de um público exigente que busca por roupas que tenham conceito, design e identidade. As coleções de João Queyroz têm um fio condutor que as une, sem que sejam iguais ou parecidas. É possível identificar uma roupa sua sem mesmo olhar a etiqueta.

Veja agora as imagens do editorial

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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