É como, finalmente, ter um canal livre e sincero para que possamos, enfim, falar abertamente sobre nossas angústias e expectativas. Mais ou menos… Quando pensei em escrever essa coluna, imaginei o seguinte formato: perguntas de lá, respostas de cá. Eles vão perguntar o que realmente querem saber de nós, mulheres. Passaram-se alguns dias. Fui lembrando de conversas (muitas e muitas) que tive com amigos (homens com corações partidos ou só meio perdidos mesmo e que, por algum motivo, sempre encontraram em mim uma confidente para suas crises amorosas). Cheguei a conclusão que a coluna não seria bem assim.

Homens não perguntam. Mulheres não respondem. Mulheres perguntam, muito. Homens acham um saco responder. Mulheres, quando resolvem responder alguma coisa, não conseguem se fazer entender. Lembro das minhas DRs. Dava pena quando a criatura colocava as duas mãos na cabeça e dizia “eu não estou entendendo nada do que você está falando!!!” E não estava mesmo, não era má vontade. Sabe PC e Mac? Sabe quando os sistemas operacionais trabalham com lógicas diferentes? É isso. Não existe nem certo nem errado. Só os sistemas operacionais que são diferentes. E, quase sempre, não se entendem. Bom, mas o objetivo final e certeiro é: tentar traduzir algumas coisas de um sistema operacional para o outro. Se conseguirmos alguma coisa, já é lucro.

Nós, adultos na casa dos 30, 40, 50, somos seres humanos em crise. Crise emocional. Não tem como negar, as relações de gênero se modificaram muito rápido e nós não fomos capazes de acompanhar. As mulheres não procuram nos homens o que procuravam antes. Os homens já não encontram nas mulheres os modelos de mãe e esposa que foram educados para procurar. E, assim, vamos tateando no escuro, errando mais do que acertando, em busca de um par. Nem precisa ser perfeito, só minimamente compatível. Difícil, não é?

Vamos combinar o seguinte: isso aqui vai ser um diálogo. Não vai ser tipo “verdade ou conseqüência”. Vocês vão querer saber de coisas, eu vou tentar explicar. Mas eu também vou querer saber de coisas. Vocês vão me escrever, vão tentar explicar. E a gente vai se conhecendo, tentando se entender. Nem sempre vou admitir que nós estamos erradas. Nem sempre vou colocar toda a culpa em vocês. Acho que dá para existir um equilíbrio aí…

O que posso prometer é sinceridade. Sem rodeios, sem papas na língua. Vou tentar escrever com o sistema operacional de vocês, homens sedentos de respostas. Vou tentar fisgar com elas as respostas mais complicadas e colocar aqui para vocês. Não vou ser boazinha. Nem com elas, nem com vocês.

Pesquisa de campo? Claro. Essa é a parte divertida. Se me encontrarem por aí, podem falar comigo. Estou pronta para ouvir e para trazer para cá o que anda acontecendo nessa selva inóspita dos relacionamentos. “Coragem, menina!” digo para mim mesma. Já que eu mesma me aventurarei nessa selva depois de muito tempo na civilização dos casados. Bora, povo! Que a selva é cheia de perigos, mosquitos, cobras e aranhas. Mas a gente olha para cima e vê as lindas copas das árvores e o sol por dentre as folhas. Não dá um ânimo para começar? Coragem, gente! Vai ser divertido!