Osklen

A apresentação da Osklen é sempre uma das mais aguardadas da semana de moda paulista. Desde que praticamente reinventou o lifestyle do carioca, transformando o jeito “largado” em uma proposta visualmente irresistível e cheia de design, a marca ganha cada vez mais terreno quando se propõe a interpretar os mais diversos temas sob suas assinaturas de estilo e os desenvolve com a cara e a roupa da própria Osklen. E foi exatamente o que nesta temporada a equipe de estilo capitaneada por Oskar Metsavaht conseguiu mais uma vez. Interpretar a cultura negra poderia ter saído como uma armadilha para a marca depois de tantas temporadas de sucesso. Mas ao fugir de estereótipos surrados e da mesmice de tranças, rastafáris e cores fortes unidas em listras, o palco para o show estava montado. A silhueta-assinatura da marca permanece. Derrubada, mas rente ao corpo, quadrada, seca. Decotes arredondados para os meninos, volumes contidos, comprimentos das calças mais curtos. Destaque para os tricôs de pontos bem abertos e o paletó de linho desconstruído, de lapelas estreitas e propositalmente manchado, peças absolutamente sincronizadas com o que há de mais moderno e cosmopolita na moda masculina. Shorts, claro! É verão e desde que o mundo é mundo e o Rio de Janeiro é a cidade maravilhosa, a Osklen aposta na peça. Mas vamos ao universo afro-descendente. Se olharmos para a senzala, voilá! Tecidos rústicos, com aparência de linhão e que combinam perfeitamente com a deliciosa silhueta derrubada da marca. Nas calças, a modelagem ultra-confortável – que também não foge a proposta –  nos remete bem ao tema. Conforme a coleção vai evoluindo na passarela, uma estamparia de coqueiros quase nos lembra da obra de Jorge Amado… Da Bahia, nossa nação negra dentro do Brasil de todas as cores. Nos looks pretos, peças dubladas fazem o jogo do parece-sobreposição-mas-é-uma-peça-só, que insinua transparência – um hit – e ainda faz o jogo do parece mas não é, outra grande bossa. Para ficar ainda melhor, Oskar mixa senzala com Hip Hop e lança no rosto dos modelos óculos tipo Wayfare, com cara de street anos 1980, bem começo do break dance. Nada mais black que isso. Nos pés, sandálias com detalhes que lembram grades, lembram prisão, lembram escravidão. No último e mais colorido bloco do desfile, mais referências, dessa vez, da África de onde a Osklen extrai o multicolorido sem obviedade. Uma aula de estilo, de mercado e de moda.

Comente

Seu e-mail não será publicado. Campos obrigatórios estão marcados com *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.