Mario Queiroz

Os anos 30 e as grandes construções de uma metrópole são a inspiração da primavera-verão 2012 de Mário Queiroz. Em sua volta às passarelas da SPFW, a marca aproveita também para, depois de 16 anos de história exclusivamente masculina, inaugurar uma coleção direcionada as mulheres. Para tanto, em vez de arriscar-se em direção a praias menos seguras, a coleção prefere apostar em uma roupa que atenda a vocação simplista e um tanto óbvia do mercado feminino: a roupa para o trabalho. Daí, fica fácil entender a “inspiração” na cidade. Cinza, preto e branco para um verão de quem, segundo o estilista, “precisa trabalhar e não pode dar aquela fugidinha para a praia”. Fica descomplicado também derivar da roupa masculina para a feminina, numa coleção que atenderá bem aquela mulher cosmopolita que adora alfaiataria para trabalhar. Mas, vamos aos looks masculinos, vocação original da marca. A coleção masculina vai definitivamente melhor na parte de cima, sendo que as melhores peças são os paletós (com exceção das cansativas e dispensáveis peças com fechamento de ziper). As camisas sofrem com o excesso de tecido no tronco da peça e com as golas enormes, que distanciam o consumidor da marca das vontades do mercado: punhos, vistas, golas e até mesmo lapelas (dos paletós) cada vez mais estreitas. As calças padecem do mesmo efeito. Largas nas pernas, longas no comprimento, mais parecem ter sido emprestadas de algum parente próximo e não casam com as partes de cima dos looks, numa desproporção que passa longe de uma proposta acertada e cosmopolita. No bloco dos resinados, perigosíssimas as camisas com brilho e gola avantajada, salvando-se da apresentação, apenas a última parte, um grupo de produções escuras, com aplicações de brilhos discretos, que traduz com elegância e simplicidade, apesar da silhueta,  a proposta da coleção. Uma pena.

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