De que moda está definitivamente na moda ninguém duvida. E com o mercado crescendo e aparecendo cada vez mais, surgem nomes que se destacam nesse cenário e que trabalham na construção da identidade de moda da Capital. Em uma série de matérias, falaremos sobre os fotógrafos, que com suas câmeras registram a ebulição da roupa made in Brasília.

Na primeira matéria, vamos conhecer melhor o trabalho de João P. Teles. Com apenas 23 anos, João já coleciona trabalhos para diversas marcas da cidade, inclusive de Akihito Hira, um dos destaques das passarelas do Capital Fashion Week.

Como surgiu seu interesse por fotografia?

Comecei a fazer fotos amadoras na adolescência. Na época, eu trabalhava com design gráfico e sites, estava no ensino médio. Aí comecei a cursar Publicidade no Ceub, onde conheci Rony Ribeiro. Ele fotografava paisagens para uma revista de turismo e me emprestava a câmera nos fins de semana. Eu sempre gostei de fotografar gente, então, isso era uma coisa que eu dizia ao Rony, adoro suas fotos, mas só falta uma coisa: gente. Algum tempo depois eu comecei a trabalhar para uma empresa de Publicidade fotografando eventos.

E pela fotografia voltada para a moda?

Então, depois do meu estágio, comprei uma câmera. Sempre fui apaixonado por moda. Comecei a ir aos eventos e implorar por credenciais para entrar e fazer algumas fotos. No Park Fashion de 2006, insisti tanto com a Christiana Suppa, assessora do shopping na época, que ela me deu uma credencial. Fui lá para o Pit com a minha câmera pequenina e todo mundo com câmeras imensas. Aí comecei a encontrar os modelos por Orkut mesmo e entregar as minhas fotos, “ah, eu tirei uma foto sua, olha só”. Os próprios modelos começaram a me dar um feedback, dizendo que as fotos estavam ótimas. Então o editor do Jornal Tribuna do Brasil na época, Fernando Lackman, me ligou e convidou para clicar um editorial para o jornal. Foi meu primeiro editorial de moda, depois fiz um catálogo de estilo para a Apoena e, em seguida, veio uma campanha publicitária para o Brasília Shopping.

Na sua opinião, que características um fotógrafo deve ter?

Tem que ser dinâmico. É claro que com o passar do tempo você vai criando as suas assinaturas, mas admiro quem consegue trabalhar vários ângulos diferentes.

Você tem um trabalho preferido?

Um dos trabalhos que eu mais gostei de fazer foi o catálogo do Akihito Hira (veja aqui). Ele me ligou e disse que precisávamos fazer as fotos em duas semanas para o CFW Pocket. Não consegui terminar a tempo. Foi uma correria, mas a coleção é maravilhosa e conseguimos fazer um catálogo ótimo.

Você te algum ídolo na fotografia?

Gosto dos fotógrafos mais modernos. Meus preferidos são David Lachapelle e o inglês Rankin.

De que filme você teria assinado a fotografia?

Do musical-romance norte-americano “Nine”. Adoro a luz dramática da parte de musical do filme.

Você tem alguma imagem ou foto preferida?

Gosto muito da leveza e do frescor da última campanha da Lacoste, clicada pelo David Sims.

Que modelos você gostaria de clicar?

Os brasileiros Carol Trentini e Arthur Sales.

Na sua opinião, que modelo masculino mais se destaca aqui em Brasília?

Pedro Mologni, da Scouting. Não sei como ele ainda não viajou. Mas para mim ele é fantástico, tanto em expressão de rosto como de corpo. Eu acho ele bem completo.

Para que marca ou marcas você gostaria de fotografar?

Osklen e Lacoste.

E revista de moda?

Com certeza, para a Dazed & Confused.

Quais são seus projetos para 2010?

Uma coisa que eu comecei a fazer, mas no início não era projeto foi o Nerd Style. Eu ganhei alguns óculos para fazer uma produção e eles ficaram no estúdio. Aí as pessoas vinham aqui fazer fotos e viam os óculos, então era inevitável o “Ai, vamos tirar uma foto com os óculos”. Com o tempo eu comecei a colocar o resultado no Orkut e cada vez mais pessoas me ligavam pedindo para participarem do projeto, que até então não era nada planejado. Quando percebi, tinha fotografado mais de 200 pessoas. Então, esse ano eu pretendo montar uma exposição com essas fotos e publicar um livrinho, nem que seja só para mim, porque tenho um carinho imenso com os meus nerds.