Sann Marcuccy gosta mesmo de desafios. Formado em moda pela Faculdade SENAC, de São Paulo, já participou de exposições na França, assinou a criação do uniforme de gala dos Correios, ocupa a cadeira de consultor de moda na Universidade de Brasília e agora pretende dar um grande passo em sua história: ter sua marca registrada.
A estreia será no Capital Fashion Week na próxima semana, onde Marcuccy apresenta a coleção Alto Verão 2010 inspirada na terceira carta do tarot, “A Imperatriz”. Assim como na História, o estilista apresenta uma soberana forte e poderosa. Ela recicla, pratica o humanitarismo, pensa no futuro e a base da família. Esse conceito migra facilmente para os looks masculinos da coleção. São roupas despojadas, com trespasses e capuzes, itens sempre em alta no imaginário dos homens, remetendo à realeza. As roupas também são adultas e urbanas. Facilmente capaz de transformar qualquer um em príncipe da cidade grande.

Fale um pouco sobre seu trabalho. Quando e como começou sua carreira de estilista e também sobre sua participação CFW.

Formei em bacharel em Design de Moda e estilismo em 2007 pelo SENAC-SP. Antes eu “brincava” de ser estilista, mas foi a educação formal do SENAC que abriu minha cabeça e me ensinou a pensar criativamente e tecnicamente. Apesar da educação de moda em SP, minha vida é em Brasília e quero trazer pra cá o pensamento de moda que trouxe de lá. A participação do CFW era um sonho de mostrar aqui na minha terra tudo que eu podia fazer. Agradeço à Márcia Lima a chance dada. Acredito que cresci bastante, junto com o evento, nessas últimas edições.

Você estreia como marca nessa temporada. Qual a maior dificuldade para ingressar no mercado nacional?

A maior dificuldade é aprender a produzir em série! Como todo artista, gostava era de criar, de ver a beleza de uma peça, de mostrar a criatividade na passarela. Acho que o designer de moda na passarela se sente o compositor de uma sinfonia ao ouvir sua música. Minhas peças sempre foram bem aceitas e até disputadas por clientes. Difícil mesmo era saber na ponta do lápis quanto cada uma custou para ser feita, quantos metros de tecido, quanto tempo das costureiras e saber quanto é o valor que devo vender cada uma. Depois que comecei a pensar como empresário consegui firmar uma produção em série e ficou mais fácil entrar e me manter no mercado.

Nas passarelas do CFW você vai mostrar coleção inspirada na realeza. Fale pouco sobre a evolução da moda masculina. O que mudou daquela época até os dias atuais?

Olha, acho que o mundo da moda dá voltas! Há períodos em que a moda é voltada pro luxo e pra ostentação, e períodos que a moda pede conforto e praticidade! A minha brincadeira com a realeza é justamente essa, fazer uma roupa prática e simples, com um algo a mais que deixaria qualquer homem com ares de Rei. Obviamente a tecnologia da nossa época nos permite uma indumentária extremamente mais confortável, e nosso ritmo pede uma praticidade. Mas quem sabe o que o futuro reserva?

A moda masculina internacional pode ser comparada com a brasileira?

Sim, claro! A moda internacional é mais ousada, menos óbvia e caminha com mais liberdade no imaginário do homem. A brasileira está logo atrás, e acho que em certos momentos, até à frente. O homem brasileiro está aprendendo a consumir melhor, a ser mais vaidoso e menos massificado. Está se permitindo inovar.

Quais são as peças essenciais que o homem deve ter no guarda roupa para ser elegante e sofisticado?

Acho que a sofisticação vai muito além de um terno alinhado e uma gravata de seda. Eu indico peças básicas e despojadas. A sofisticação está na personalidade de cada um. Uma camisa branca, uma blusa de malha de decote V, uma calça de sarja básica e um tênis branco. E eu indicaria também um bom sapato pra poder compor looks mais engomadinhos.

Como é o homem de Sann Marcuccy que será mostrado na passarela do  CFW?

Extremamente contemporâneo. Na verdade, um pouquinho além da contemporaneidade! O guarda roupa é inovador, livre de preconceitos na hora de se vestir. E ainda assim, ele é bem masculino. Meu homem sempre está mais bem vestido que os outros à sua volta porque é confiante e aposta no conforto com muita personalidade.

Falando em reis, na sua opinião, quem perde e quem ganha a coroa no próximo verão?

Quem ganha a coroa é o MCT, o Ministério da Ciência e Tecnologia. Para o próximo verão, haverá uma parceria ainda maior do que a que já existe com os estilistas-talento de Brasília. Através das iniciativas do Secretário para Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Joe Valle, vamos criar um núcleo de moda inovador na cidade, com a geração de renda e empregos, principalmente junto às comunidades mais pobres.

Para mim, quem perde a coroa é quem não se atualiza em sua profissão.

Por: Paulo Almeida