Michael Jackson

“Michael Jackson morreu”. Assim minha mãe resumiu o inimaginável. No curto percurso que me levou no dia 25 de junho à casa dela, o rádio estava desligado. Logo eu que adoro uma Antena 1, ouvi um Mp3 qualquer até chegar. Isso me garantiu um choque ainda maior do que se tivesse lido na internet, acho. Boato. O Rei do Pop morto? Ah, para. Isso não é notícia que se dê para ninguém que tenha escutado um mínimo de música, visto cinco minutos de MTV lá no comecinho de tudo, longe de Twitters, de internet, de blogs, de Lady GaGa. Ele não poderia ter morrido.
Ainda me lembro da sensação de ouvir pela primeira vez sua voz. Ele me acompanhou em tantas descobertas, em tantos momentos. Era quase onipresente. Cantou com Paul McCartney (Say, Say, Say), foi o espantalho no filme O Mágico de Oz, virou monstro em Thriller, fez o chão brilhar enquanto andava em Billie Jean, bancou o machão em Beat it… Pensou na África antes de toda a força tarefa mundial. No meu quarto, estavam os dois na parede: de um lado, um pôster da finada revista Bizz estampava uma foto de Madonna, de chapeuzinho, e crucifixo inseparável; do outro, o pôster de Thriller, em que ele posa com um tigrinho, estava lá, colado com todo o cuidado do mundo para não amassar ou rasgar, quando fosse retirá-lo. E admito para quem quiser morrer de rir: todo dia, dava boa noite aos dois e com um beijo no rosto de cada, antes de rezar um Pai Nosso, me deitava. Estava feita a minha reverência aquele meu mundinho da música, para mim, tão grande dentro dos headphones brancos Sony do meu pai, de que eu não desgrudava tarde afora, noite adentro.

Álbum de figurinhas com ele e os irmãos? Tive. Tarde inteira na frente da TV assistindo aos desenhos dos Jackson 5? Tive. Pasta com todas as reportagens sobre ele que minha mesada pudesse comprar acondicionadas em sacos, folhas de plástico: tive. Álbum dele junto com os irmãos, já depois de astro? Tive. Coreografia de Thriller decorada para dançar na aula de educação artística? Tive. Uma única luva preta usada em alusão àquela prateada? Também tive. Tropeço tentando imitar Moonwalker? Tive. Susto horrível quando ele se acidentou na gravação do comercial da Pepsi? Tive. Jaqueta de náilon vermelha, para fingir parecida com a de Thriller: bem que eu quis, mas não deu. Pesadelo por causa do “filme” de Thriller? Tive. E quem não teve? Cantamos tanto em uníssono com ele, nas pistas de dança décadas afora e, claro, até hoje. A abertura do Videoshow ficou triste de repente… Don’t Stop ‘till You Get Enough é para mim uma das melhores músicas do mundo!
Que tristeza. Podem dizer o que quiserem, que ele era um doente, que andava doente, que sempre foi doente. Para mim, ele foi Michael Jackson, meu primeiro ídolo, meu grande amor de adolescência, um revolucionário de voz aguda, inigualável. Desde ontem o mundo da música está mono. Não me digam que ele morreu. Não me digam que um dia, Madonna morrerá. Hoje, a música pop ficou capenga, perdeu grande parte do brilho. Justin Timberlake disse que gostaria de assumir as datas de shows dele. Acho que Madonna, Beyonce, Mariah Carey, todas as divas deveriam unir-se a Justin, arrecadar dinheiro e quitar as dívidas de Jackson. Isso seria a maior homenagem que poderíamos prestar a ele, um astro, um ídolo, o grande Michael Jackson… Descanse em paz, meu querido. Nós jamais o esqueceremos!
Por Márcia Rocha

Lindo texto, Márcia! Coincidência, fiz um parecido no meu blog. É curioso como a ida do Michael Jackson encerra um ciclo de lembranças em nossas vidas.
Beijo