Da ternura dos lobos
Já faz algum tempo, assisti um seminário sobre processos criativos com Charles Watson aqui em BSB. Super bacana. Charles, como educador, aborda várias facetas da criatividade e da educação. Eu, como professora, aproveitei horrores!
Na semana passada, alguns fatos me fizeram recordar de parte da palestra do cara. Ele falava do Lobo Meigo. De como os processos de evolução são aleatórios e que nossa idéia de seleção natural pode estar um tanto equivocada… era mais ou menos assim:
“Imagine uma matilha de lobos. Um lobo com o gene truculento domina a matilha. Ele ameaça seus concorrentes, tem todas as fêmeas para si. Um outro lobo com o gene meiguinho não tem nada a fazer, porque no embate pode morrer ou ficar gravemente ferido. Então o gene truculento prospera. Começam a nascer lobinhos que, no primeiro contato com a luz, já saem brigando, truculentos. Esses lobos começam a brigar entre si, vivem menos, procriam menos e as fêmeas começam a ficar entediadas. Um lobo com o gene meiguinho vai estar disponível, e as lobas começarão a preferí-lo.”
Será? Pode ser… Na verdade, não sei…
Ouvi reclamações dos homens “As mulheres preferem os caras brutos, reclamam, reclamam do namorado brutamontes. Então a gente pergunta: quanto tempo faz que você tá com ele? E a menina responde: 8 anos. OITO ANOS????”
Tá. Pode ser… É, concordo. Tem seu charme. Tem uma testosterona que embriaga e que torna tudo intenso. Tenso, na verdade. Esse cara que diz “QUEM MANDA AQUI SOU EU!” Ele dura um tempo. Tem vezes que dura muito tempo. É essa maldita ilusão romântica de que a gente consegue mudar o outro. Não. Não consegue. Minha amiga Ju Lovato disse que essa fase passa, a menina cansa. E quando isso acontece ela está pronta para investir nos caras certos. Nos lobos meigos? Será?
Ai, não sei… um amigo que eu considerava durão, machão, e coisa e tal, desmontou na minha frente. Dor de amor. Arrependimento. Carência. Um menininho que fez burrada e foi colocado de castigo. E lá se foi aquela imagem de homenzarrão que eu tinha dele. Ele me disse que a menina não queria perdoá-lo, de jeito nenhum. Sabe qual foi o meu conselho? Humilhe-se! É! Ajoelhe-se, rasteje, faça o que for preciso. Tá. Pode ser que eu seja dessas que prefere o lobo meigo, desde o princípio. Deve ser mesmo.
Homens turrões nunca me atraíram. Como diz uma outra amiga, precisa ter um verniz. Digo mais. Acho que precisa de uma certa fragilidade. Uma pequena insegurança que transparece aqui e ali. Um jeito de olhar de canto. Um ciúme besta, tácito e inconfessável. Um jeito certo de pedir colo ao invés de pedir desculpa. Homens são criados para serem homens. Com “H”. Mas, vez que outra, são meninos. E são meninos lindos.
Gosto da idéia de um homem protetor. Corroboro com a idéia de que a mulher busca a imagem do pai no seu homem ideal. Meu pai é um cara assim. Firme, protetor, apaixonado, até ciumento depois de todos os anos de casamento. Mas é doce. É sentimental. Chora, sente saudade, se emociona. Se desmancha frente àquilo que ama. Se entrega de coração ao que vale a pena.
Mulheres preferem os truculentos ou os meigos? Não sei. Meigos entediam. Truculentos cansam. Equilíbrio? Utopia. Complicado, bem complicado…

