A coluna de Ane Molina faz um ano!!!!
Verdade. Dia 14 fez um ano. Completo um ano, meus 365 dias. Uma coisa eu posso garantir prá vocês: muito menos coisas aconteceram, na minha vida, do que a maioria das pessoas imagina. Muito menos do que eu imaginava que aconteceria.
A verdade é que, quando um casado olha a solteirice de fora, acha que é uma terra plena de oportunidades onde, se plantando, tudo dá. Nope. Ser solteiro, na casa dos 30 anos, é, sobretudo, esperar. Claro que tem gente que vive como se ainda tivesse 20. Naquela gula sem fim da juventude que planifica tudo. Que faz com que tudo tenha a mesma cor, o mesmo gosto. É legal? É. Tive esse momento de deslumbramento. “Ah, tenho 33 mas tenho carinha de 23, me aguardem!” Acreditem, passa. La vida loca tem prazo de validade. E passa.
Olho um tantinho prá trás e me dou conta, não de quantas bocas beijei (somando e dividindo, cheguei à conclusão que isso foi o de menos), mas do quanto percebi nos últimos 12 meses. Notei. Parei prá olhar e pensar. Parei prá ver que, sim, é possível passar uma vida toda sem se comprometer. Sim, é possível viver uma quase eterna juventude e pós-adolescência pulando de galho em galho e se fazendo de bonita para o mundo. Sim, totalmente possível. Mas, não sei… cansa.
Esse pequeno momento de reflexão casa com um outro momento de vida, onde tudo acaba de mudar outra vez. Tanto quanto ou mais que há um ano atrás. E a palavra que grita e que ecoa, pela primeira vez em toda uma vida, é solidão. Não, não tô falando de amor, não. Solidão é um conceito mais amplo. E, sem dúvida, uma sensação mais cruel. Implacável e sem piedade como ela só, a solidão te ataca a alma sem rodeios, sem preparo. Ela não vem chegando de mansinho. Ela simplesmente te chama num canto e te diz, com todas as letras “meu bem, agora é por sua conta, e foi escolha sua.” E foi mesmo. Alguns dirão, segundo sua experiência, que é como na música do Cazuza “… pretensão de quem fica escondido fazendo fita…” eu mesma já disse isso. Acabei de ouvir isso de um grande amigo. “Você é muito exigente, você escolhe demais. Você não é modesta!” Poizé… não sou mesmo…
Me orgulho, sim, do ano que passou. Investi em amizade, carinho, trabalho, estudo e em auto-conhecimento. Pratiquei o desapego. Fiz coisas que nunca pensei que faria. Aventurei além-mar. Beijei além-mar. E faz parte de mim agora, ninguém me tira isso. Amei sim. Amei muito. Construí amores que vão durar prá sempre. E agora sei disso, mais do que nunca. O que o coração te dá, ninguém te toma. Nem os desencontros da vida, sem as separações, nem os mal entendidos. E, acredito, do fundo do coração, que, se for o caso, nem a distância de um oceano ou de um continente vai me tirar. É amor, e sempre será.
Lição aprendida? Esse amor. Esse de nunca mais. Esse de prá sempre.
A solidão é um sentimento de quem sente falta. A solidão me diz que tenho algo importante. A solidão me diz o que é, realmente, meu. Foi divertido? Foi. Mas foi bem mais que isso. Foi difícil. Foi lição e mais lição. Foi saber escolher. E saber esperar. Foram poucos caras? Foram bem menos aventuras do que eu pensava? Foi bem menos emocionante e bem mais sofrido do que me disseram que seria? É… Mas não joguei nada fora. Não perdi tempo. Não desperdicei uma gota daquilo que me era mais caro. Esse amor todo que tenho. Esse amor que soube muito bem onde e com quem guardar. Um amor de verdade. Que eu não esqueci como é que se sente.
Luto? Pode ser, e foi bom. Não tem nada de ruim deixar que tudo cicatrize direitinho. Mas meu coração nunca foi um músculo que tenha deixado de se exercitar. Ele nunca ficou parado. Dediquei todo o meu amor às pessoas que o mereceram. Sorri e fiz carinho. Falei coisas doces e coloquei no colo. Me deixei abraçar e levar. Me deixei erguer do chão e sentir. Me deixei amar e me deixei seduzir. Me deixei ser feliz e retribui o que me davam com o que eu podia, naquela hora. Agora? Não sei, quem sabe. Tudo muda outra vez. A roda gira, sabe-se lá onde vai parar. Medo? Todo o medo do mundo, e mais um tantinho assim, ó!
Mas como diz esse mesmo amigo maluco “vai dar tudo certo, sempre dá!”




Ane, identifico-me com muito das suas reflexões e, sinceramente, existe algo mais precioso do que saber que podemos e devemos fazer escolhas?
“meu bem, agora é por sua conta, e foi escolha sua.”
Parabéns pela lucidez e serenidade com que você reconhece que a solidão nem sempre é o mal, ela pode, de repente, revelar-se a cura: desapegar-se e empoderar-se (nem que seja para depois, mais cedo ou mais tarde, apegar-se de novo… é roda girando…)! Felicidades, flor!