Um ano sem Amy Winehouse
Faz um ano que o mundo amanheceu mono. O mundo da boa música, dos talentos rasgados, não importa aqui se sóbrios, se ébrios, se castos, católicos ou não. O mundo dos talentos natos, das vozes que emudecem de emoção quem as ouve, assim, logo da primeira vez. Amy Winehouse era assim. Emudecia quem a ouvia logo de saída. Seu timbre áspero, a voz rasgada no peito, numa vivência da dor-letra-da-canção era comparada a tantas divas que, como ela, viveram uma dor que não tinha lugar no peito, não tinha remédio, não tinha amparo. Não teve amparo. Nem na bebida, nem nos cigarros, nem nas canções. Nem na vida amorosa, nem nas turnês, nem nos discos gravados e no imenso sucesso, sonho sonhado por 20 entre 10 músicos de começo de carreira.
Não era isso. Não deveria ser isso. Melhor do que muitos dos pseudo-discursos inflamados das redes sociais, profetizando coincidências e transformando 27 anos em uma espécie de “idade de risco do rock ‘n’ roll”, já que Jimmi Hendrix, Brian Jones, Janis Joplin, Jim Morrison e Kurt Cobain também foram desta para melhor aos 27, foi o discurso de Pablo Miyazawa, editor-chefe da revista “Rolling Stone Brasil. ”A morte de Amy Winehouse é um produto mórbido de nossa época. A agonia da cantora foi exibida por anos, em rede mundial, com todos os requintes de um freak show que todos desejavam assistir. E assim como aconteceu com Michael Jackson, a morte de Amy choca mais porque traz à tona a sensação de que algo poderia ter sido feito para impedir a tragédia”.
Foi breve nossa convivência com seu enorme talento. Foi breve, mas profunda. Seu legado ficará para sempre marcado na história da música. Seus estilo será para sempre lembrado no mundo da moda. E sua inquietude serve como alerta para que, prestemos mais atenção a nossa volta. Será que nada poderia ter sido feito? Será mesmo que se tivéssemos cancelado uma turnê aqui, rompido um contratinho multimilionário ali, a moça não poderia ter ficado com a gente um pouco mais? Será que não está na hora de deixarmos de simplesmente aplaudir e polemizar com discursos psedo-moralistas a dor alheia e passarmos a nos tornar responsáveis que somos pelos outros, já que estamos eletronicamente todos uns dentro da vida dos outros?
As fotos que você vê aqui, foram clicadas por Hedi Slimane, o designer que revolucionou a moda masculina. Ele divulgou as imagens há um ano, no dia 25 de julho de 2011.
RIP, Amy.














Em uma determinada cultura diz-se que as pessoas não morrem, encantam-se. Amy encantou-se. Tornou-se secreta À nossa percepção, pARA A PERCEBERMOS BASTA OUVIR SUA MÚSICA, E RECOLHERMO-NOS EM NÓS MESMOS, ONDE ELA NOS AGUARDA SORRIDENTE.
Lindo, seu texto ! Bj