Saúde do homem
Uma das maiores transformações do começo da década foi a mudança do foco na eleição dos cuidados fundamentais no dia-dia de homens e mulheres. A preocupação com a estética deu lugar a busca pela qualidade de vida e principalmente pela longevidade, que pressupõe uma atenção redobrada a saúde.
No século 4 a.c, Hipócrates, considerado por muitos uma das figuras mais importantes da história da saúde e frequentemente citado como “pai da medicina” já arriscava dizer que “toda parte do corpo se tornará sadia, bem desenvolvida e com envelhecimento lento se exercitada; no entanto, se não forem exercitadas, tais partes se tornarão suscetíveis a doenças, deficientes no crescimento e envelhecerão precocemente”. Essa máxima, que continua para lá de atual mesmo depois de tantas trasnformações e avanços na medicina, pode servir de mantra aqueles que ainda não se convenceram da importância da mudanças de hábitos.
O terceiro dia do Bsb in Lux, evento que reuniu, na semana passada em Brasília, profissionais da saúde, beleza, ciência e tecnologia em nome do bem estar, foi marcado justamente por discussões envolvendo a saúde, assunto que acaba ocupando os últimos lugares na lista das preocupações do homem. Os desafios do assunto foram abordados durante o Fórum Interdisciplinar da Saúde do Homem.
A fim de ressaltar a importância da matéria e apresentar desafios encontrados pelo homem aos 30, 50 e 70 anos, o Fórum reuniu diversas áreas da medicina, representadas por profissionais renomados da cidade.
Da esq. para a dir. – Dr. Ricardo Fenelon, dermatologista, Dr. Rafael Resende, fisioterapeuta, Dra. Maria Fernanda, farmacêutica, Juliano Elias, professor de educação física e Dr. Alexandre Miranda, odontólogo.
Poucos minutos apos o início do debate, o profissionais presentes expuseram o maior problema enfrentado pelo sistema de saúde em relação aos cuidados do homem: o homem brasileiro não tem o hábito de cuidar da própria saúde. Prova disso é que na platéia que assistia a palestra, direcionada ao público masculino, 99% eram mulheres.
Segundo dados do Ministério da Saúde, a cada três mortes de pessoas adultas, duas são de homens. Eles vivem, em média, sete anos menos do que as mulheres e têm maior incidência de doenças do coração, câncer, diabetes, colesterol e pressão arterial mais elevada. Em 2009, a Política Nacional de Saúde do Homem foi lançada, com o objetivo de facilitar e ampliar o acesso da população masculina aos serviços de saúde, e principalmente, de buscar romper os obstáculos que impedem os homens de frequentar os consultórios médicos. Entre seus subsídios, está uma pesquisa feita com sociedades médicas brasileiras e conselhos de saúde, que ouviu cerca de 250 especialistas e mostrou que a população masculina não procura o médico por conta de barreiras culturais, entre outras.
A cultura milenar cultivada pela sociedade, que define a figura do homem como símbolo da força e da resistência, pode ter desencadeado o surgimento equivocado de uma nova “cultura”, que afasta os homens dos consultórios médicos, onde a necessidade de cuidados afeta diretamente a virilidade masculina. O homem não pode adoecer, não pode se afastar de suas obrigações e dispensa cuidados.
Diante de um problema tão sério, médicos buscam conscientizar o público masculino, na faixa etária de 20 a 59 anos, a procurarem o serviço de saúde ao menos uma vez por ano, já que as consequências do descuido são gravíssimas. Na maioria das vezes, os homens recorrem aos serviços de saúde apenas quando a doença está avançada. Assim, em vez de serem atendidos no posto de saúde, perto de sua casa, eles precisam procurar um especialista, o que gera maior custo para o SUS e, sobretudo, sofrimento físico e emocional para o paciente e sua família.
De acordo com a farmacêutica Dra. Maria Fernanda, “A maioria dos homens esquecem que antes da necessidade de um tratamento, existe a prevenção. Esta, em grande parte dos casos, pode ser feita através de hábitos de vida saudáveis. As pessoas, de modo geral, estão acostumadas a comprar a saúde, a achar que a solução de seu problema está na prescrição de um remédio, sendo que muitas vezes o tratamento ainda é realizado sem comprometimento, ou pior, baseado na automedicação. Os problemas de saúde mais frequentes na população brasileira podem ser evitados através de qualidade de vida, quando presente no cotidiano do indivíduo”, defende a médica que além de ressaltar a importância do processo preventivo, chama atenção para a necessidade da busca pela qualidade de vida.
Normalmente, os homens procuram os consultórios médicos a medida que os sintomas aparecem. E esses sintomas normalmente são relacionados a hábitos que, se mudados, poderiam evitar doenças mais graves. Por exemplo, um homem que chega ao consultório reclamando de dores na coluna é obeso e sedentário. O sedentarismo ocasionou a obesidade, que consequentemente desencadeou o problema na coluna vertebral. Tudo poderia ter sido evitado com ajuda de um nutricionista e da prática de exercícios físicos. “A boa alimentação é a base de um ser humano saudável”, complementa o Dr. Rafael Resende.
Qualidade de vida nada mais é que o cuidado diário com o corpo e a mente. A boa alimentação, a prática regular de exercícios físicos, o controle do stress do dia-a-dia e um tempo sagrado para descanço, são os fatores primordiais para se manter uma vida equilibrada e obter a sensação de bem-estar. Um homem que faz exercícios de duas a três vezes na semana, se alimenta bem e descança a mente, tem menos chancer de desenvolver problemas cardíacos, respiratórios, diabetes, colesterol alto, etc. Hábitos saudáveis são sempre a melhor forma de prevenção!
Se você pensa em começar a mudar seus hábitos e melhorar sua qualidade de vida, a hora é agora. Desculpas como a idade ou o fato de nunca ter praticado exercícios antes, não convencem. “Não existe idade mínima nem máxima para praticar esportes, desde que a atividade seja equilibrada e assistida por um profissional. A prática de exercícios melhora a atividade cardíaca, consequentemente abastecendo melhor as regiões do corpo, no caso de um homem que está ficando mais velho, evita também a perda da massa muscular, gradativa a partir dos 30 anos” diz o professor de educação física, Juliano Elias, que chama a atenção para outro ponto importante, o uso do protetor solar.
“A maioria dos esportes é praticada sob exposição ao sol. O maior conselho que posso dar a vocês é a utilização do protetor solar diariamente, praticando esportes ou não. Hoje o câncer de pele é o mais frequente no Brasil. Vivemos em um país tropical, onde há sol o ano inteiro, devemos nos proteger, sempre, até mesmo por questões menos relevantes, como as estéticas. O excesso de sol acelera o envelhecimento da pele”, completa o Dermatologista Ricardo Fenelon.
E os desafios do homem aos 30, 50 e 70 anos? Quais seriam? Em suma, cuidar da saúde e a buscar uma vida melhor, com mais longevidade. Mas, para ajudá-lo nessa tarefa, listamos aqui os principais cuidados e as transformações que ocorrem no corpo e mente dos homens, com o passar dos anos.
Os cuidados
Aos 30 anos
Um homem de trinta está entrando no processo de envelhecimento e começa a perder sua resistência e massa muscular. Alguns orgãos também passam discretamente a perder a vitalidade. Aos 30, é a hora da prevenção, onde uma série de cuidados podem livrá-lo de futuros problemas sérios, como os de coluna e de coração.
Cérebro + mente
O cérebro é a parte do corpo que permanece preservada por mais tempo. Aos 30, está em plena atividade. Nessa idade, mais de 1 milhão de neurônios já foram perdidos, mas não fazem falta.
O que os especialistas sugerem: leia diariamente. A leitura é a melhor forma de exercitar o cérebro. Não abuse do álcool, que favorece a vasoconstrição e, portanto, dificulta a oxigenação do cérebro.
Músculos + ossos
É possível ganhar 15% de massa muscular com uma rotina de exercícios constante. Após os 35 anos, ganham-se 3 quilos a cada década.
O que os especialistas sugerem: preserve seus ossos e músculos. Faça ginástica, tome bastante leite e consuma alimentos ricos em cálcio, como brócolis, couve e peixe.
O coração
O importante é a prevenção. Evite o fumo, o sedentarismo e controle a hipertensão. Caso haja histórico familiar de problemas, procure um médico anualmente para check-ups.
O que os especialistas sugerem: trinta minutos de exercícios cinco vezes por semana.
Pênis + próstata
É o auge da potência sexual. Pode-se ter duas ou três relações sexuais numa noite com intervalo de menos de uma hora entre elas. Nessa idade, 30% dos homens sofrem de ejaculação precoce e 90% das causas de impotência sexual são psicológicas.
O que os especialistas sugerem: apenas se cuide para fazer sexo com segurança e não contrair doenças.
Aos 50 anos
Aos 50 anos, o homem necessita de mais cuidados, a capacidade mental já não é a mesma e o metabolismo torna-se mais lento, facilitando o acúmulo de gordura. Será uma fase mais tranquila para aqueles que começaram a tomar as devidas providências aos 30, porém ainda há tempo. É uma fase onde o homem precisa de acompanhamento.
Cérebro + mente
Perdem-se de 30 000 a 50 000 neurônios por dia. Estima-se que entre os 45 e os 85 anos o peso do cérebro sofra uma redução de 20%. Cerca de 10% dos homens se queixam de depressão nessa idade.
O que os especialistas sugerem: comprimidos de vitaminas E, B6 e B12 podem melhorar a memória e a coordenação motora. Procure um médico caso se sinta deprimido.
Músculos + ossos
O metabolismo se torna mais lento, levando a um gasto menor de calorias, o que facilita o acúmulo de gordura. A perda da flexibilidade e a flacidez muscular se acentuam.
O que os especialistas sugerem: além da caminhada, faça exercícios não aeróbicos, como tai chi chuan, para melhorar o equilíbrio da postura. Diminua drasticamente doces, frituras e gorduras.
O coração
O ritmo do metabolismo diminui, favorecendo o acúmulo de gordura. A freqüência cardíaca máxima de um homem nessa idade é 15% menor do que aos 20 anos.
O que os especialistas sugerem: Acrescente fibras e gorduras polinsaturadas (como salmão) para manter o bom colesterol.
Pênis + próstata
O ângulo da ereção pode estar abaixo da horizontal. As causas orgânicas relacionadas a dificuldades na ereção, como a hipertensão, são mais freqüentes.
O que os especialistas sugerem: passe a fazer o exame de PSA e o toque retal todo ano. Adicione a sua dieta molho de tomate, melancia e goiaba. O licopeno, que dá o pigmento vermelho aos alimentos, está associado à redução do risco de tumores na próstata.
Aos 70 anos
Ao chegar aos 70 anos, o homem passa a ser considerado idoso. Nesta idade ele necessita de mais atenção e cuidado com as atividades cardíacas, com o estado dos ossos e com a cabeça. Já não sepode trabalhar a prevenção e é uma fase de acompanhamento e tratamento, mas ainda sim é importante continuar se exercitando.
Cérebro + mente
A partir dos 60 anos, a qualidade do sono pode piorar. Dorme-se menos e as alterações de humor são mais freqüentes. 5% dos homens acima dos 65 anos sofrem de perda de memória em algum grau.
O que os especialistas sugerem: mantenha acompanhamento médico regular e procure dormir mais.
Músculos + ossos
Nessa idade, você já perdeu cerca de 5% de sua massa óssea. Três em cada dez brasileiros acima dos 65 anos caem pelo menos uma vez por ano. Dez por cento têm osteoporose e tendência a sofrer fraturas. Você começa a diminuir de tamanho. Se aos 30 anos media 1,70 metro, aos 80 estará com cerca de 1,67 metro. E se você sofre de osteoporose sua estatura pode reduzir-se ainda mais.
O que os especialistas sugerem: passe a ingerir pastilhas de cálcio regularmente, tomar sol por pelo menos 30 minutos e continue se exercitando. Pergunte ao seu médico se você está entre os 30% dos homens que precisam de reposição hormonal.
O coração
Diminui o número de células cardíacas e aumenta o depósito de fibras colágenas, tornando o coração mais duro, o que pode causar falta de ar. Cresce o risco de arteriosclerose ou o endurecimento das artérias, que dificulta a chegada do sangue às extremidades.
O que os especialistas sugerem: caso o colesterol ou a pressão não sejam controlados com exercício e dieta, apele para drogas da classe das estatinas, sobretudo após os 70 anos.
Pênis + próstata
A partir dos 60 anos, cerca de 6% dos homens não conseguem ter ereção. A maioria dos que conseguem precisam de um intervalo de pelo menos 24 horas entre uma relação e outra. O risco de desenvolver câncer de próstata beira os 7%.
O que os especialistas sugerem: eventuais falhas podem estar mascarando casos de diabetes e doenças cardíacas. Converse sobre isso com seu médico. Se não tiver doenças cardiovasculares, experimente fazer uso de medicamentos contra impotência.
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