Estréia masculina
É normal a dança das cadeiras que acontece a cada temporada. Acontece aqui no Brasil, acontece em todo lugar. É a prova de que a moda amadurece, de que os estilistas estão centrados em seus mercados consumidores e têm os pés firmes no chão. Bom para o imaginário de moda e para os consumidores que têm a oportunidade de conhecer gente nova, que traz um novo sopro criativo para as araras. Paulo Borges, o todo-poderoso das semanas de moda, anunciou hoje o line-up dos eventos que estão sob sua batuta (a saber: SPFW e Fashion Rio). De São Paulo saem as marcas Huis Clos e Maria Garcia, ambas femininas e comandadas por Clô Orozco, e Isabela Capeto, que migra para o Rio. No line up paulista, a moda masculina ganha um super reforço: a presença do talentosíssimo João Pimenta. Depois de cinco temporadas apresentando-se na Casa de Criadores, celeiro de encubação de mentes criativas em franca ebulição, João finalmente ganha a oportunidade de ser visto sob uma lente de aumento, onde suas criações possam ser reverberadas para freguesias mais distantes e capazes de fazer valer (em reais R$) seu esforço. Eduardo Viveiros, do Chic, fez uma super entrevista (que você pode acompanhar na íntegra aqui) com João Pimenta, sobre sua ida para a SPFW, mercado, moda masculina e o Mistermag reproduz alguns trechos. Acompanhe.
SPFW
“Já tem um tempo que, a cada temporada, eu tento falar com o Paulo Borges. Desta vez mandei um projeto de coleção, para ver se ele tinha interesse. Fechamos há menos de um mês!”.
* O desfile de João Pimenta na SPFW acontecerá dia 13/06, domingo, às 16hs.
Processo criativo
“Não tenho um grande método, uma coisa vai desencadeando em outra. A mistura do masculino com o feminino começou naquela história do quadril [inverno 2009]. Achei que seria muito criticado, com aqueles homens ‘quadrilzudos’, de cintura fininha. Mas foi quando percebi que pela primeira vez as pessoas viram o trabalho e curtiram de verdade. Aí eu vi que essa coisa mais radical funcionou”.
Olhando a moda masculina
“O foco no masculino foi super acidental. Quando abri a loja, os meninos vieram e começaram a procurar peças, a comprar roupas femininas. Aí eu vi que tinha um espaço dentro desse universo”.
“Nada foi testado na moda masculina, fica todo mundo centrado naquele quadradinho, achando que é o que eles querem. Mas não é, ainda mais no Brasil. Parece estranho, mas é verdade. A gente não tem uma elegância definida, uma imagem padrão, como os europeus. Tem gente que se veste de tudo quanto é jeito. Por isso que eu acho que tem uma abertura maior, pela mistura de estilos, cabeças, raças, classes sociais”.
“E aí você tem o espaço, mas não tem o produto. Por mais modernas que sejam, as marcas ainda ficam naquele padrão pra vender, sem modelagem, sem forma, sem nada. Tem gosto pra tudo, como diria minha mãe”.
Veja também o vídeo da última apresentação do inverno 2010 de João Pimenta, na Casa de Criadores, em novembro de 2009. A coleção foi inspirada na missa dos vaqueiros nordestinos e apostou em uma cartela de cores árida, de tons terrosos que passeavam pelo mel, âmbar, caramelo, camelo e tabaco e evoluíram gradualmente ao longo da apresentação. Modelagens surpreendentes surgiam pontuadas por aventais, vestidos e cinturas marcadas. Na cartela de materiais, malhas, linho, couro e camurça rústicos.
Foto Marcelo Soubhia/ Ag. Fotosite

