Relações que amadurecem…
Ah, o tempo. Sem dúvida, implacável. Tempo. Totalmente relativo. Quando a gente tem uma rotina, seeeeeempre a mesma, o tempo passa rápido. Quando tudo muda e a vida da gente vira uma bagunça, parece que o tempo se arrasta. Meses parecem anos. E a adolescência? Não parece que taaaanta coisa aconteceu naqueles quatro, cinco anos? A vida adulta parece em tons pastéis quando a gente pensa na quantidade de cores, contrastes e nuances daquele tempo, né?
Vida que passa. Dos 18 aos 25 muito, muito muda. Depois disso, parece que a vida vai desacelerando. Nos tornamos mais responsáveis. Pensamos mais coisas sérias. Não tô dizendo que a vida adulta não tenha suas vantagens. Não troco por nada as certezas de agora. As coisas que eu já sei, que eu vivi. Naquela época era tudo tão sofrido, tão intenso. Parece que não se tinha escolha. Tuuuuuudo doía demais. Hoje acho que a gente escolhe. “Vou me jogar, não vou me jogar”. “Sei que não vai dar certo, então vou manter as coisas como estão”. Pode ser ilusão, mas esse cinismo que a gente adquire com a idade nos protege de toda aquela angústia que vivíamos antes. Nosso amargor nos torna mais cuidadosos com os próprios sentimentos, mais egoístas. Faz parte do crescimento, eu acho.
Tenho amigos bem mais jovens. E como sofrem. E como tudo tem importância. E como tudo é decisivo em certa época da vida. E como uma escolha parece ser definitiva e para sempre e pode mudar tudo e é questão de vida ou morte e, e, e… ai, que canseira! Com a idade, outra coisa que acontece é que a gente perde a vergonha de errar, de admitir que fez merda. Já fiz tanta merda no último ano. E sobrevivi. Me olhei no espelho e disse “é bonita, isso não foi legal…” e pronto! Vamos aos próximos erros!
Vejamos os amores. Amores de juventude. Esses que acontecem nesse momento da vida em que tudo tem gravidade. Em que tudo é cheio de cor, sofrimento e magia. Em que tudo é Almodovar. Esses amores. Eu comecei cedo. Conheci a pessoa com quem viria a me casar com 16 anos. Casamos 8 anos depois. Ficamos juntos mais 7. Sempre me perguntam por que não deu certo. E eu respondo “deu certo!” Por muito tempo deu muito certo. E dá até hoje. Somos muito queridos um para o outro. Mudamos, isso é certo. Todo mundo muda. Resta saber se, depois de mudados, vamos conseguir nos aturar como antes. E resta saber se vamos conseguir processar o fato de que nosso sonho de amor eterno não passou de um sonho. Resta saber.
Conheci pessoas que se conheceram e casaram na faixa dos 20 e vários. Casais fofos. Casais que se encontraram e que resolveram ficar juntos em uma época de maturidade. Em que várias definições já haviam sido feitas. Decisões já haviam sido tomadas. Em tese, pessoas já maduras e que já nem eram tão “mutáveis” quanto eu era quando resolvi juntar as escovas de dentes. Mas, quer saber? A mesma bosta! Os anos passaram e esses casais já estão com todos os problemas possíveis. Incompatibilidades profissionais. Problemas sexuais. Questões com grana. Uma rotina de merda de quem só pensa em comprar apartamento, engravidar, terminar o mestrado, doutorado. Todo mundo correndo atrás sabe-se lá do quê! Casais que eu conheci lindos, apaixonados e felizes que, dez anos depois, vejo cada um no seu celular, ou com uma cerveja na mão assistindo TV. Ou com a cara enfiada no computador, iPad, etc. E por que estão juntos? “Ah, a gente já tá aqui mesmo” esse é o cara. “Ah, eu acho que vale a pena tentar. Ele é o homem da minha vida!” essa é a menina. Ou seja, a idade ainda não é a receita. Pessoas perdem seu tempo aos 20, aos 30, aos 40…
E o tempo. O tempo está lá, rindo prá gente (ou DA gente). Contando os tic-tacs…


