O ciúme, meu amigo. Ah, o ciúme mata!

Aquele monstro de olhos verdes. Alguém aí leu Otelo? Eu li na escola. Na sexta série, lemos alguns Shakespeares e escolhemos um para fazer peça. Não, não escolhemos Otelo. Foi “Sonhos de uma Noite de Verão”. Uma comédia prá lá de divertida. Mas Otelo é marcante. É muita ruindade junta e muita ingenuidade também. Combinação explosiva. Ciúme e inveja alimentam uma trama que parece que só é possível na ficção, mas não. Tenho ouvido falar bastante em ciúme. A inveja também é uma m*rda, mas ela só nos atinge, na maioria dos casos, pelo menos, no plano espiritual… olho grande e tals. O ciúme, meu amigo. Ah, o ciúme mata.

Ouvi do terapeuta, na minha primeira consulta, que eu era controladora. Fiz cara de “nem é comigo…”. Depois fiquei p*ta! Controle. Ciúme é necessidade de controle. Que só acontece por insegurança. Coloquei a mão na consciência… ninguém é perfeito. A gente acaba dando umas escorregadas. E não é legal. Eu me sinto um lixo de ser humano.

Sempre me considerei uma “não ciúmenta”. Ciúmes, eu? ‘Magina! Meu casamento sempre foi muito tranquilo nesse aspecto. Sem ciúmes. Tem gente que diz que foi por isso que acabou. Pode ser. Sei lá! Não gosto da sensação do ciúmes. Me sinto pequena. Me sinto vil. Me sinto pouco evoluída, sabe? Apego, controle, insegurança. Ai que ódio quando eu sinto ciúmes! Quero muito passar a vida sem sentir ciúmes. Quero muito, muito. Quero passar a vida com alguém que não sinta ciúmes. Nunca. Sei que esse é o ideal. Sei que essa é uma meta que, provavelmente, não vou conseguir alcançar.

Mas tem relação que se alimenta disso, né? Tem gente que precisa, não só sentir ciúmes, mas provocar ciúmes. Eu sentia, confesso, um pouco de falta desse ciúmes sem maiores conseqüências. Ciuminho besta. Mas, depois de um tempo, deixei de sentir. Cheguei à conclusão que é muito melhor viver uma vida inteira sem experimentar um relacionamento desses cheio de ciúmes. Só tem uma coisa que eu odeio mais que gente ciumenta. Gente que gosta de provocar ciúmes. Aquela pessoa que fica te cutucando, sabe? “Ah, fulana é que sabe das coisas. Olha só esse arroz que ela faz! Tão soltinho. Ela é o máximo! Quem me dera comer um arroz assim todo dia.” ENTÃO, QUE TU TÁ FAZENDO AQUI, BABACA? VAI COMER O ARROZ DA FULANA!

Aí o cara que é assim olha pra você e diz “Ããããhhh! Tá com ciúúúúúúmeeees…”

Deixa eu explicar, ô babaca. Não é ciúmes. É decepção. Quando a gente tá perto de alguém a gente quer respeito. Quando alguém nos tem, tem que ser porque nos quer e muito. Nos admira, nos acha a melhor das melhores opções. Se não for assim, não vale. Não entenda que não pode elogiar os outros. PODE!!! Acho lindo! Mas não compara, babaca! Não compara! A gente tem que se sentir especial. Não que os outros todos não sejam ótimos. Mas a gente é que foi escolhido para ser “par”. Isso tem que estar claro.

Isso é babaquice mesmo. Mas, por outro lado, tem gente que não consegue trabalhar a admiração dos outros por seu ser amado! Que diz assim “Não! Homem bonito dá muito trabalho! Inteligente, então! Fica todo mundo querendo. Não dou conta!” Ai, que preguiça…

Sempre falo sobre as maneiras de amar. Eu gosto da minha maneira de amar. As pessoas que eu amo, amo muito. Vejo que a coisa mais linda de amar alguém é achar maravilhoso quando essa pessoa é amada, querida e admirada pelos outros. Isso não deve gerar ciúmes. Deve gerar orgulho. Não sinto ciúmes quando alguém que eu amo é paparicado e admirado por outros. Sinto um amorzinho quentinho no coração e ele me fala “Nossa garota! Você é especial na vida desse ser humano que todo mundo ama e quer por perto! Como você tem sorte!” E é assim que o amor de verdade funciona. Não é lindo? Fofo, meigo e cheio de coraçõezinhos? É! Vamos ser assim!!! Vamos nos amar sem ter que nos pertencer e nos aprisionar! E ser feliz! Só isso!

1 comentário sobre “O ciúme, meu amigo. Ah, o ciúme mata!

  1. O ciúmes é burro, é o retrato da possessividade.
    Quando a gente ama, a gente ama estar com alguém e não ter alguém. Quem acha que tem, está no relacionamento errado.
    Agora… Bem que certas pessoas deviam aprender a fazer o arroz da fulana. A humildade em reconhecer-se como o “não melhor” e colocar-se na posição de “aprendiz” nos torna pessoas melhores. Abraço!

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