Sobre a inércia
Papo vem, papo vai, acabamos falando sobre essa coisa de “vida de solteiro” x “vida de casado”. Quem está casado quer ser solteiro. Quem está solteiro que achar alguém pra esquentar os pés. A grama do vizinho é sempre mais verde, enfim…
Estava eu sentada em uma mesa com dois casais mais uma amiga. Povo super de boa. Fofinhos, bonitos e inteligentes. Gente interessante. Mas me peguei observando essa dinâmica dos casais. Um depende do outro prá tudo. Decidir quem paga a conta, decidir que horas vai pra casa, decidir onde senta… fora que, geralmente a mulher, fica se metendo no jeito que o cara segura o garfo, no que ele come, como ele senta… Ai, juro! Preguiiiiiiiiça.
Eu, que já fui casada, posso dizer com propriedade que é muito, mas muito difícil terminar um casamento (ou um namoro, ou qualquer relacionamento estável). Essa sensação de saber onde está pisando, de sentir essa segurança morninha. Essa coisa toda de saber exatamente como o outro vai reagir a tudo. Essa monotonia vagarosa que faz com que se passem 5, 7, 10, 15 anos sem que a gente se dê conta de que tá tudo errado. E os anos passam, meu amigo. Passam rápido. Tenho um amigo que diz que a aventura e a adrenalina, em termos de relacionamento, é superestimada. Que não há nada de errado em se ter um relacionamento longo. Que é possível ser feliz. Do fundo do meu coração, espero que ele esteja certo.
O fato é que a gente se acomoda. E o comodismo mata a relação. E, mesmo com a relação morta, sentamos ao lado do cadáver no cinema, ficamos de mãos dadas com ele nas festas de família, posamos com ele para as fotos. Dormimos na mesma cama que ele durante anos, durante vidas. Certo, errado, não sei. Sei que é muito difícil enterrar esse cadáver. Não é fácil admitir que não deu certo. Não é fácil pular do barco que está afundando. O medo de se afogar é enorme.
Mas aí, um belo e santo dia, a gente pula. Se joga no mar. Nunca sem um bom motivo. Conheço muito pouca gente que terminou um casamento sem que houvesse outro alguém. Sem que uma grande aventura motivasse esse movimento brusco. Passa tempos ali, nadando com os outros náufragos. Se divertindo a bessa! Pula de bóia em bóia. Nada em várias posições, nunca dantes imaginadas. Sem compromisso…
E o tempo passa. E a brincadeira acaba perdendo a graça. E a gente vê uma coisa na TV e quer comentar com alguém. Ou é só o pé que tá gelado mesmo. ODEIO pé gelado! Passamos a nos questionar: e agora? O que vem depois? Será que eu já estou pronto(a)? É tempo? Uma das minhas resoluções de ano novo é não terminar 2012 sozinha. Chega! Um ano de luto tá bom, né? OK, decisão tomada. Vou passar a aceitar os convites pro cinema, prá jantar e etc…
Mas aí eu estava naquela mesa de bar com os casais e vendo como eles se tratam e, sei lá, meio que repliquei aquela sensação de quando eu era casada. Dá medo de deixar essa vida de solidão. Dá medo de me atirar outra vez de braços abertos em uma relação. Gostar, curtir (ok, essa é a parte boa). Mas tem também o apego, o ciúme, o compromisso, a cobrança, a dependência. Ai que saco! Não sei se dou conta! Tenho certas limitações. Não tenho 16. Tenho 33. É mais difícil se moldar a alguém, certo? Não sou uma pessoa fácil. Não sou aquela mulherzinha fofa e meiga. Sou casca grossa! Sou egoísta e manhosa e gosto de mordomia. Não, não vai dar certo. Não vai ter homem que me ature. Melhor deixar como está. Com sorte, meu irmão vai ter filhos fofos que vão cuidar da tia velha e solteirona.
E então, magicamente, você conhece alguém. E lá vamos nós…
Cheguei a conclusão que a inércia só dura enquanto não houver motivação. Um bom motivo para cairmos na tentação de mudar de status. Deixar uma relação ou deixar a solteirice é um clique. Acontece como mágica mesmo. Não adianta programar. E, no fundo, tá aí a graça.


Certa vez ouvi uma coisa: ” casamento só é bom quando é cada vez melhor”. Resolvi adotar!
Po, Molina! Pq ver o casamento como: 1°) Algo que não dará certo?; 2°) Algo que não pode ser reinventado todo o dia?
O fato de ter em sua bagagem uma experiência matrimonial que não deu certo não significa que este seja seu destino.
Falaste em outra pessoa…
O lance é que, quando estamos solteiros, gostamos de ficar “mudando” toda a hora: Cabelo, maquiagem, roupa, estilo, gosto… Sem perceber, nos tornamos a “outra pessoa”, periodicamente.
Quando casados, perdemos isso – como indivíduos: O pique já não é mais o mesmo, nos falta originalidade, criatividade e, principalmente, nos sobra segurança.
A maioria dos casamentos luta para vencer a rotina e esse é o único grande erro do casamento (ok, qq tipo de relacionamento estável prá ti também!): Quando a pessoa sente tamanho conforto -a ponto de sentir-se tão segura da decisão que tomou- que se acomoda.
Mesmo “morto” a busca pelo não comodismo é vital para o sucesso de qualquer, qualquer, tipo de relacionamento.
Outra coisa é “que cônjuge sou?”
Imagina a cena: Em busca das tuas resoluções, aceita um convite para jantar e ali, na estréia do relacionamento, dizes ao pretendente: “Mastiga direito!” “Não pega o garfo assim”. “Não come de boca aberta”. Deu, né? Trouxeste o tédio da “estabilidade” para o 1° capítulo de uma novela que não verás a continuação.
Abraço!