Muita areia pro seu caminhão?

Meu pai é mais baixo que a minha mãe, cerca de 4 ou 5 centímetros. Sempre achei um casal lindo! Principalmente porque se gostam muito. Sempre foram fofos e ficavam de namoricos na nossa frente. Lembro de ser bem pequena e meu pai contar que os amigos dele, logo que os dois começaram a namorar, disseram que minha mãe era “muita areia pro caminhãozinho dele” e ele respondeu “tem problema não, faço duas viagens!” Achei tão engraçado! E seguro, e tranquilo. Faz uns dias tenho ouvido muito as pessoas, inseguras, dizendo coisas desse tipo. “Ah, o que ela vai querer comigo? Olha prá mim!” ou “Ah, ele nunca vai querer me namorar, olha a minha idade!” “Não tenho chance!” “Sou gordo!” “Sou feio!” “O que eu tenho de interessante?” E, assim, somam-se pela vida milhares de oportunidades perdidas. E não me venham dizer que eu não sei do que estou falando. Como ex-patinha feia falo com propriedade. E digo que perdi muito tempo achando coisas sobre mim. Achando que não tinha chance. Achando que as outras meninas eras todas mais lindas, mais sexys, mais mulheres do que eu. E, quer saber? Eu não era tudo aquilo mesmo! Mas eu era outras coisas. Sempre fui. Sempre fui inteligente. Sempre fui divertida. Sempre fui amiga e conquisto as pessoas com facilidade. Tenho ótimo gosto musical e pra cinema. Gosto de ler. Enfim. Naquela época, eu era muito, muito legal já. Só não me dava conta e não explorava isso. Os anos me ensinaram que as pessoas que valessem a pena iam curtir horrores essas minhas qualidades. E foi assim. Mas a mágica só começa a funcionar quando a gente olha para os nossos pontos fortes. Essa semana um amigo me perguntou como se aproximar de uma pessoa que ele considera fora do alcance. Coisa séria. Não só pegação. Sendo assim, acho que o que vale já não é mais o jogo. Tem que esquecer as estratégias, as artimanhas. “Ah, não vou ligar se não ela vai pensar que estou correndo atrás!” Bobagem! Se for de verdade, a realidade é outra. Se o interesse vai além do superficial, se o ser humano nos dá AQUELE frio na barriga, então temos que pensar diferente. Meu conselho pra ele? Ó… Faz tempo que não me apaixono, de verdade. Sendo 100% sincera ainda não aconteceu depois da minha recente solteirice. Mas as poucas vezes que experimentei isso na vida, sempre funcionou melhor quando eu relaxava. Quando a coragem de olhar no olho e dizer que sente saudade era maior que o medo e que a insegurança. Se é uma “estratégia” ou falta dela eu não sei, mas sempre achei mais gostoso conversar. Contar a vida. Falar sobre o mundo e as pessoas. Sobre os sentimentos, sobre a família, os pais, os lugares que já conheceu. Sobre o que me faz feliz. Sobre os amores passados. Sobre o que esperar do futuro… sempre funciona. Quando o cara se dá conta, ele já está tão mergulhado e encantado e aí já é tarde… Ah, outra dica. Fazer questão. Não fico com quem não faz questão de ficar comigo. Isso é fato. O vivente que se sente prioridade está eternamente enredado. E acho que a dica de ouro é essa. Não se subestime. Homem ou mulher, não interessa. Você tem, sim, chance. Todo mundo tem. Claro, não seja inconveniente. Mas, como dizem lá no sul, a “tentiada” é livre. Perguntar raramente ofende. Aproxime-se com sinceridade. Seja legal. Muitas vezes pessoas que a gente pensa que estão fora do nosso alcance são muito solitárias. Justamente porque muita gente pensa que elas estão fora do alcance. Ou só conseguem estabelecer relações superficiais por medo de serem tratadas apenas como um rostinho/corpinho bonito. A gente nunca sabe o que se passa, de verdade. Por isso, não diga que nunca vai acontecer. Acontece! E é bacana! Pode ser que quem precise de um voto de confiança, uma chance seja você. E não o outro.

