Caras mais velhos, mulheres mais novas…
Estive em um lugar aqui em Brasília semana passada. Um lugar novo, abriu há pouco. Bonito, bem decorado, com um cardápio bacana. A música então, excelente. Fui com uma amiga que já fazia algum tempo que não via. Sentamos e começamos a contar as novidades. Sabe mulher como é, né? Uma metralhadora, fala sem parar. Depois de algum tempo é que fui parar pra olhar o povo do lugar. Povo bem arrumado, bem vestido. Dava pra ver que os caras, a maioria, vinha direto do trabalho pra dar aquela relaxada de final de expediente. Beleza.

As mulheres? Bem, vestindo as melhores grifes. As vezes, TODAS de uma vez só. Como eu sempre digo, dinheiro nunca foi e nunca será sinônimo de bom gosto, mas enfim. Mulheres e homens interagindo em um lugar desenhado pra isso é uma coisa que eu gosto de observar. Cada olhada, cada puxada de conversa, tão instintivo e tão patético ao mesmo tempo. Mas é legal. A interação sempre é válida. O tempo foi passando e fui prestando mais atenção… daí é que me veio o questionamento…
É verdade. Tenho a tendência de me relacionar com pessoas bem mais jovens do que eu. Tendência esta que se inverteu ao longo da minha vida. Eu costumava a ter amigos mais velhos na adolescência. E com estes amigos, amigos até hoje, essa diferença de idade acabou diluindo-se e hoje não faz diferença alguma. Meus amigos mais recentes são, na maioria, pessoas consideravelmente mais jovens. Uns 10 anos… mais… Em outros níveis de relacionamento acabei me envolvendo com gente bem mais jovem também. Acho que é a fase, o momento, vai saber.
Mas, voltando ao bar, estava lá com essa amiga (também, uns 12 anos mais jovem que eu) e me dei conta dos casais que estavam nas mesas. Tenho, aí sim muita, dificuldade de me relacionar é com gente bem mais velha. Sei lá, não me imagino com um cara 20 anos mais velho que eu, na faixa dos 50. Acho estranhíssima a idéia. Mesmo em termos de amizade ou em termos sociais, não consigo me sentir à vontade. Bom, então vamos fazer a conta: o cara da mesa do lado estava investindo pesado na menina. Ela tinha menos de 25 e ele, certamente, mais de 50 (diferença de uns 25 a 30 anos). O que será que eles estavam conversando? Qual era o assunto? Como seria essa relação?
E sempre tem que diga, com maldade, que a menina queria é sair do bar numa Mercedes e o cara com uma gatinha. Que não tem assunto, é só negócio. Gente, chega uma hora que tem que falar. E nessa hora é que eu queria saber o que rola. Se eu com 32 não tenho assunto com um cara de 55, como faz? E por que eu acho que não tenho assunto? Ah, as referências são outras, o mundo é outro. As experiências diferem demais… Bom, de alguma forma dá certo. É o mais se vê por aí. Caras mais velhos com meninas jovens.
E o contrário? Eu tenho 32. Já estabeleci minha faixa de interesse entre os 25 e os 30. “Que velha tarada!” Bom, a minha vantagem é que eu minto que vou completar 24 aninhos em dezembro e eles acreditam (pelo menos durante algum tempo…). Mas, novamente, é uma questão de referências. Convivo bem com gente jovem e tenho essas referências. Tenho visto cada vez mais mulheres de 30, 40, 50 com caras de menos de 30. E tem funcionado bem para os dois. Vai que essa é uma tendência? Vai que agora as mulheres vão começar a ficar com os gatinhos que as menininhas deixaram a ver navios quando foram correr atrás das Mercedes dos caras de 50? Pode ser um ponto de equilíbrio. Onde ficam os caras de 30 e poucos nessa história? Não sei. Eles andam tão difíceis… casados, tendo filhos, ou gays…
Sei que fiquei me questionando sobre essa coisa da idade. Pessoas de idades próximas podem ter idades mentais e emocionais muito, muito distantes. E pessoas de idades muito diferentes podem acabar se aproximando, dependendo dos interesses de cada um. Saí do bar pensando em voltar. Prá tomar uma bebidinha, comer bem, é um lugar legal. E acabei lembrando do menino que, depois de algum tempo comigo, olhou prá mim com uma carinha confusa e acabou com a minha farsa… “mas, afinal, que idade você tem?” Pior é que eu não sei…


como assim vc tem 32 anos, anelinda. jamé pára, né?
parabéns pelo texto, muito bom
bah, ane, aumenta o teu “escopo” para até 31, caso contrário os modelos 1980 ficam de fora (ah, eu nasci em 1980, coincidência…)
Tirando a brincadeirinha, parabéns pela coluna, estás a analisar um problema que nasceu quando tiraram a famosa costela do adão. força!