SP, hold me tight…
Depois de uma semana em São Paulo, posso dizer que entendo melhor como tudo funciona.

Tenho um amigo que sempre me disse que sexo nada mais é do que uma maneira de conhecer pessoas. Em um outro nível, de uma outra forma. Pessoas, quase sempre, são diferentes na cama. É uma forma de fuga do que é cotidiano, do que lhes parece ser o seu normal. Tem um caso, que acho que exemplifica bem, de uma amiga que propos uma “dirty talk” durante a ação e o rapaz interrompeu tudo e disse “peraí, como assim?” porque a imagem que ele fazia dela era “outra”, enfim. Conhecer alguém no barzinho, apertar a mão e quem sabe dar uns beijinhos é bem diferente de empacotar e levar pra casa. Claro que é!
Agora imaginem se dispor a conhecer pessoas dessa forma em uma cidade como São Paulo. Nesse lugar em que tudo acontece rápido e faz das pessoas meros rostinhos e corpinhos passageiros na correria dessa cidade maluca. Em uma cidade onde o povo trabalha muito, se diverte muito, onde tudo é bom, bonito e interessante. Em uma cidade que qualquer portinha é um bar mega legal, lindo, com pessoas dispostas a conversar assuntos inteligentes com gente que elas nunca mais vão ver e, pra completar, com som de primeira. Em uma cidade em que somos tão chamativos quanto anônimos, onde o interesse por você pode durar apenas algumas horas, ou alguns dias, ou alguns meses, ou anos, vai saber…

Vale a pena arriscar. Vale muito. Notei, na noite de SP, o quanto o pessoal não tem medo de olhar. E olhar é bom, né? Aquele arrepio de cruzar o olho e saber que não foi por acaso. Aquele frio na espinha, mistura de medo e vontade. Tem pouco disso aqui em BSB. Meu papel é dar alguns conselhos, então vamos lá: antes de arriscar uma conversa furada e sem noção, olhe pra moça, rapaz! Sustentar esse olhar e, quem sabe abrir um sorrisinho, é um ato de coragem para os dois. Se passou por isso, meio caminho andado. É a caçada que se inicia com saldo positivo. Vai por mim. E dá pra entender o paradoxo? Um olhar parece algo tão romântico, tão idealizado… não é. É prático! Estabelece o interesse mútuo antes de arriscar uma proximidade. Não “fixou”, passa pra próxima.

E, conforme a noite avança, a gente vai notando o povo se aninhando, se juntando. Antigos casos buscando a segurança de uma companhia conhecida ou gente que acaba de se conhecer se agarrando como se o outro fosse a última Coca-Cola no deserto. A dinâmica é bonita de ver. Faz a gente acreditar novamente que esse mundo dos homens+mulheres tem jeito. Nem que seja por algumas horas teremos corpos sedentos de carinho e de calor colados, em sintonia. Provando que, em algum lugar do Universo, somos feitos um pro outro, sim. Que a gente dá certo. Uma vida pode ser que seja muito tempo. Mas uma noite? Sim, é perfeitamente possível.
Volto pra casa pensando na vida, nas pessoas, no quanto complicamos tudo e no quanto somos responsáveis pela própria felicidade. E o quanto nossa felicidade pode, e deve, em determinados momentos da vida, ser construída de coisas passageiras. Simplifique e desfrute de si. Bom proveito!

