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Imagine um lugar paradisíaco, em que cachoeiras,  vistas incríveis e todo o o prazer que a natureza pode lhe oferecer estão a seu alcance. Este paraíso existe e está perto bem de você,  no portal da Chapada dos Veadeiros, a 240 km de Brasília. Conhecida como Vila de  São Jorge, o povoado, município de Alto Paraíso, é um redunto zen privilegiado. Terra de garimpeiros que assim como São Jorge, são guiados pela fé, o lugar recebe turistas de todo o canto do mundo, famosos ou desconhecidos, que chegam em busca de paz, amor e da oportunidade de energizar-se com a natureza.

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Vale da Lua, Águas Quentes, Morada do Sol, Raizama e Encontro das Águas são algumas das cachoeiras que formam o cenário dessa fotografia privilegiada. Mas esse ano, os nativos receberam uma visita inesperada. No próximo dia 23, Vila de São Jorge completa 57 anos e ganhará um presente que está mexendo com a imaginação dos cerca de seiscentos moradores. A Vila irá parar na telona em um curta-metragem dirigido e produzido pela produtora brasiliense AB Produções. “O que pretendemos filmar é a festa de aniversário do lugar, incluindo a missa, procissão, entrega do mastro e alguns eventos paralelos e ligados diretamente à celebração”, explica José Pedro Gollo, diretor de cena da produtora.

Apreciador de festas populares, Abdon Bucar, proprietário da AB Produções, sempre teve uma relação com São Jorge e Alto Paraíso, mas somente agora decidiu investir na história dos garimpeiros.

“Desde o começo do projeto fomos duas vezes à Vila fazer pesquisa de locação e testes de câmera, para conferir o percurso da festa e planejar como deveria ser filmada. Nossa idéia é contar um pouco da história do povoado e depois da celebração, utilizando depoimentos de alguns de seus participantes e colaboradores”, revela José Pedro.

Depoimento é o que não falta no vilarejo onde todos batalham por seus quinze minutos de fama. Dona Socorro Lopes, organizadora da festa, está ansiosa e emocionada. Ela sempre presente nas comemorações do aniversário do povoado, e este ano, confessa que caprichou para que São Jorge seja vista por milhares de pessoas. “É uma responsabilidade que depende de todos. Estamos trabalhando desde janeiro, buscando patrocínio e ajuda da comunidade” conta ela, que já confeccionou mais de cem bandeiras especialmente para a festa. “É uma ocasião de união e esperança, onde todo o povoado se junta para trabalhar no acontecimento que reafirma a sua tradição e auto-estima” diz Abdon Bucar.

Mais de cem bandeiras como esta estão na festa
Mais de cem bandeiras como esta estão na festa

Como eles conseguem essa união? “Somos todos guerreiros e tudo é feito com muita fé”, explica.

A riqueza e a lenda

A Vila foi o lugar escolhido pelos garimpeiros vindos do Nordeste à procura de pedras preciosas. Os nativos contam que José Raimundo, um garimpeiro da Bahia, morava em uma casa humilde e nunca deixou de acreditar que encontraria um cristal grande capaz de torná-lo rico. “É uma emocionante história de um garimpeiro que nunca perdeu a fé de conseguir uma valiosa pedra” diz Neuza, proprietária da Pousada Casa das Flores. Tudo se parece com a história de São Jorge guerreiro. De acordo com a lenda, ele teria entrado para o exército romano e travado uma batalha contra o Imperador Diocleciano, que queria matar todos os cristãos. “Como Jorge mantinha-se fiel ao Cristianismo, a cada tortura sofrida, ele reafirmava sua fé e aos poucos foi ganhando notoriedade e respeito,  até que muitos romanos, inclusive a mulher do imperador, tornaram-se cristãos. Por causa da teimosia de Jorge, Diocleciano mandou degolá-lo no dia 23 de abril de 303”, contou Neuza.

Graças a um carioca

Quando perguntamos por que escolheram São Jorge, dona Socorro narra uma história ouvida desde criança contada por Seu José Raimundo. “O povoado tem esse nome graças a um comprador de cristal que veio do Rio de Janeiro e, devoto, trouxe uma imagem de São Jorge e colocou na igreja, em 1952. Desde então, todo ano celebramos essa data como aniversário da Vila”.

A festa começou dia 18 e segue até o dia 23 de abril. E as pousadas e hotéis da cidade estão preparados para receber os turistas.

As dicas de quem já foi

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Onde ficar

Há vagas e estilos para todos os gostos e bolsos. Se você prefere um tratamento bem nativo e não quer gastar muito, o ideal é procurar as áreas de camping. Os preços variam entre R$ 10,00 e R$ 15,00 por pessoa. Mas não se esqueça de levar sua barraca.

Outra opção é sacar a aplicação e se esbaldar nas mordomias que os hotéis e pousadas oferecem. Com pacotes que custam em torno de R$ 1.000,00, você pode desfrutar de tudo o que o mundo zen oferece, e dar adeus ao típico “programa de índio”, sem deixar de se sentir em um verdadeiro paraíso.

Famosa por receber globais e todo mundo que está a procura de um SPA cinco estrelas, a Pousada Casa das Flores é a melhor pedida. Lá você pode relaxar com uma boa massagem facial de argila ou com a tradicional massagem holística, feita por Miriane Orlandi, que em uma hora reúne as técnicas de shiatsu, reike e reflexologia.

Pousadas como a Casa das Flores oferecem pacotes no feriado
Pousadas como a Casa das Flores oferecem pacotes no feriado

Onde comer

Os bares e restaurantes da Vila são modestos, mas reúnem uma cultura invejável. A dica é visitar o Lanche do Preto, casa de Agnaldo Araújo, e cair nas graças do melhor pão de queijo do lugar. Se sua busca for por um bom restaurante a quilo e de qualidade, basta bater palmas na casa de dona Nenzinha, que oferece um delicioso arroz com galinha, prato tradicional da casa.

Agora, se a massagem o fizer sentir como um rei, o melhor é continuar na Casa das Flores e se deliciar com os pratos preparados pela Chef Christianne Isaac, a mesma que assina o menu dos poderosos do Palácio das Esmeraldas, em Goiânia.

O que fazer

Além de participar da festa que movimenta o cenário do feriado  e, quem sabe, ganhar uma pontinha no documentário de Abdon Bucar, tomar banho nas cachoeiras é a principal atração da Vila. Caminhar a tarde e interagir com os transeuntes pode ser o programa ideal para os falantes ávidos por fazer amizades e descobrir gente nova. Durante a última visita na vila, conhecemos Lina, uma hippie com mestrado em antropologia, que veio da França. A moça de lindos olhos verdes contou que está no Brasil há sete meses e adorou o vilarejo. “Amo essa liberdade”, disse ela, que não dispensa uma boa conversa.

A francesa Lina instalou-se em São Jorge para esperar a festa e vernder sua arte
A francesa Lina instalou-se em São Jorge para esperar a festa e vernder sua arte

O que levar:

Na hora de preparar sua mochila, vale lembrar de alguns itens indispensáveis ao programa natureba.

Filtro solar – para não se candidatar a uma pele cheia de manchas

Um bom casaco – à noite costuma esfriar por lá

Uma sandália bem confortável para bater perna pela Vila

Sunga – para não furar a ida à cachoeira

Camiseta básica e bermuda – para entrar no clima natureza

Um bom livro – para puxar assunto com as mulheres

Sugestão: O Selvagem, do general Couto de Magalhães. , escrito a pedido de D.Pedro II para a Exposição Mundial da Filadélfia, EUA, em 1876. É uma espécie de tratado do idioma, costumes, mitos e hábitos dos nossos índios. Esse dá pano para manga.

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